segunda-feira, 24 de abril de 2017

Sondagem Vesical

É a introdução de uma sonda ou cateter estéril na bexiga, que pode ser realizada através da uretra ou da região supra púbica. Embora simples em sua natureza, tem pormenores muito importantes, que se negligenciados podem causar danos ao paciente. Deve-se utilizar técnica asséptica no procedimento a fim de evitar uma infecção urinária no paciente.

Resultado de imagem para aparelho urinario


Tipos de Técnicas

Punção Supra Púbica:

Resultado de imagem para punção supra pubica

realizada apenas pelo medico

Sondagem de Alivio: há retirada da sonda após esvaziamento vesical ex. bexiga neurogênica

Resultado de imagem para sondagem vesical de alivio

Indicação:

  • disfunção vesico esfincteriana com grande capacidade funcional da bexiga e alta resistência uretral
  • coleta de amostra estereis de urina
  • facilitar avaliação de quantidade de urina residual

Sondagem de Demora: quando a necessidade de permanência da sonda. 


Resultado de imagem para sondagem vesical sonda
sonda vesical de demora 

Resultado de imagem para sondagem vesical de alivio
sonda vesical de demora 3 vias


Sonda vesical de demora é usado quando é necessário que o paciente permaneça com ela longos períodos na bexiga

Indicação:


  • controlar o volume urinário, 
  • possibilitar a eliminação da urina em pacientes imobilizados, inconscientes ou com obstrução, 
  • em pós-operatório de cirurgias urológicas.
  • irrigação vesical
  • administração de medicamentos
  • esvaziar bexiga para procedimentos cirúrgicos ou diagnósticos
  • controlar sangramentos
  • controle indireto da função hemodinâmica e promover drenagem do paciente com incontinência urinaria
  • lesõesextensas na pelve e perineo
  • trauma
  • doenças de uretra, bexiga e prostata

Contra Indicação da Sondagem Vesical de Demora

No trauma

  • Descentralização da prótata
  • Uretrorragia
  • Hematoma, equimose ou edema em períneo 

Outros

  • Hipertrofia prostática ou cistostomia
  • Prostatite ou Uretrite.

O Procedimento


Material Necessário:
  1. Bandeja
  2. Biombo
  3. Material para higiene íntima com PVPI degermante.
  4. Material de cateterismo vesical (cuba-rim, cúpula, pinça Pean e gaze, Campo fenestrado).
  5. Luvas estéreis.
  6. Sonda folley estéril descartável nº 16,18 ou 20.
  7. PVPI tópico.
  8. Compressas de gaze estéril.
  9. Lidocaína gel.
  10. Agulhas 40mm X 12mm.
  11. Coletor de urina de sistema fechado.
  12. Seringa de 10 ou 20 ml.
  13. Água destilada – ampola.
  14. Adesivo hipoalergênico (micropore).
  15. Saco plástico para resíduos.

PROCEDIMENTO: SONDA VESICAL DE DEMORA MASCULINA


  1. Higienize as mãos.
  2. Reúna o material na bandeja e leve para o quarto do paciente.
  3. Oriente o paciente sobre o cuidado a ser realizado.
  4. Promova a privacidade do paciente colocando o biombo e fechando as portas e janelas.
  5. Prenda o saco plástico em local de fácil acesso.
  6. Posicione o paciente em decúbito dorsal.
  7. Calce as luvas de procedimento.
  8. Realizar a antissepsia com PVPI tópico e gaze estéril em movimentos únicos da base do pênis até o púbis, e após da base do pênis até raiz da coxa, bilateralmente. Após, da glande até a base, e por último em movimentos circulares sobre o meato, de dentro para fora.
  9. Retire o material de higiene íntima.
  10. Retire as luvas de procedimento.
  11. Abra o material de cateterismo sobre o leito, entre as pernas do paciente e com técnica estéril sobre o campo.
  12. Coloque o PVPI tópico na cúpula.
  13. Calce as luvas estéreis.
  14. Certifique-se do bom funcionamento do Cuff (balonete), insufle com 10 ml de água destilada.
  15. Conecte a sonda no coletor de urina de sistema fechado.
  16. Imagem relacionada
  17. Coloque água destilada na seringa e lubrificante anestésico em outra seringa de 20 e 10 ml respectivamente.
  18. Faça a antissepsia do meato urinário para a base do pênis, trocando a gaze a cada etapa.
  19. Com o pênis perpendicular ao corpo do paciente injete o lubrificante anestésico lentamente.
  20. Introduza a sonda dentro da uretra quase até sua bifurcação, até que a urina flua.
  21. Quando a resistência é sentida no esfíncter externo, aumentar discretamente a tração do pênis e aplicar pressão suave e contínua sobre a sonda. Pedir para que o paciente faça força (como se estivesse urinando), para ajudar a relaxar o esfíncter.
  22. Insuflar o cuff (balonete) com água destilada (aproximadamente 10 ml).
  23. Fixar a sonda de demora na região suprapúbica.
  24. Retire as luvas estéreis.
  25. Deixe o paciente confortável.
  26. Recolha o material do quarto e mantenha a unidade organizada.
  27. Lave as mãos.
  28. Realizar anotação de enfermagem, assinar e carimbar (conforme decisão do COREN-SP-DIR/001/2000).


PROCEDIMENTO: SONDA VESICAL DE DEMORA FEMININA



  1. Posicionar a paciente confortavelmente.
  2. Lavar as mãos.
  3. Abrir a bandeja de cateterismo usando a técnica asséptica. Colocar o recipiente
  4. para os resíduos em local acessível.
  5. Colocar a paciente em posição de decúbito dorsal com os joelhos flexionados, os
  6. pés sobre o leito mantendo os joelhos afastados.
  7. Calçar as luvas estéreis.
  8. Separar, com uma das mãos, os pequenos lábios de modo que o meato uretral
  9. seja visualizado; mantendo-os afastados, até que o cateterismo termine.
  10. Realizar antissepsia da região perineal com PVPI tópico e gaze estéril com movimentos únicos: - Horizontalmente, do meato até monte de Vênus. A seguir, verticalmente do meato até final da comissura labial posterior, inicialmente sobre grandes lábios,após entre grandes e pequenos lábios e, por último, em movimentos circulares sobre o meato, de dentro para fora.
  11. Lubrificar bem a sonda com lubrificante ou anestésico tópico prescrito.
  12. Introduzir a sonda pré-conectada a um coletor de drenagem de sistema fechado,
  13. bem lubrificada por 5 a 7 cm no meato uretral, utilizando técnica asséptica estrita.
  14. Tracionar suavemente a sonda até sentir até sentir resistência.
  15. Insuflar o balonete com água destilada (aproximadamente 10 ml), certificando-se
  16. de que a sonda está drenando adequadamente.
  17. Fixar a sonda de demora, prendendo-a juntamente com o equipo de drenagem na
  18. coxa.
  19. Secar a área e manter paciente confortável.
  20. Lavar as mãos.
  21. Realizar anotação de enfermagem, assinar e carimbar (conforme decisão do
  22. COREN-SP-DIR/001/2000).
  23. Registrar procedimento em planilha de produção.
  24. Manter ambiente de trabalho em ordem.

Retirada da Sonda


Material:
  1. saco de lixo; luva de procedimento; seringa.

Procedimento:
  1. verificar a bolsa coletora (volume, cor, aspecto da urina);
  2. calçar luvas de procedimento;
  3. aspirar o soro fisiológico ou AD do CUFF (mesmo volume que foi colocado);
  4. retirar a sonda;
  5. desprezar no lixo.

Diferença entre as Técnicas Masculina e Feminina


Técnica de limpeza e assepsia
Lubrificação e anestesia
Mensuração do comprimento a ser intoduzido
Fixação do sonda vesical

Troca da Sonda Vesical de Demora

Na literatura são descritas diferentes técnicas e orientações com relação ao tempo de permanência da sonda, podendo ter sua troca realizada semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, mas não há consenso1. O guidelines da American Urological Association (AUA), dados de pesquisas utilizadas na construção do guidelines eram insuficientes para realizar recomendações sobre se a rotina de mudança do cateter (por exemplo, a cada 2-4 semanas) reduziria o risco de infecção de trato urinário ou bacteriúria assintomática associada ao cateterismo em pacientes com cateterismo de demora ou pacientes com cateterismo supra-púbico, mesmo em pacientes que experimentam repetida obstrução de cateter 3. O International Clinical Practice Guidelines from the Infectious Diseases Society of America recomenda a retirada das sondas vesicais de demora quando clinicamente indicado, embora condições específicas possam necessitar o uso prolongado de sondas vesicais de demora; essas situações incluem quando a anatomia do trato urinário inferior é alterada, enquanto se aguarda a reparação definitiva ou em casos de dificuldades de realizar o cateterismo intermitente/sondagem vesical de alívio. 4

Considerando as informações acima, embora existam indicações de que a sonda vesical de demora deva ser trocada, esta decisão deve ser baseada na discussão do caso entre a equipe que acompanha o paciente em questão, pois o planejamento dos cuidados deve ser individualizado e estar em acordo com as condições clínicas de cada paciente. Visto que a cateterização vesical de demora é inevitável, deve-se realizar ações para evitar ou prevenir a infecção, como:
- o cateter deve ser trocado periodicamente;
- assepsia absoluta durante a introdução do cateter;
- sistema de drenagem fechado estéril, não devendo ser desconectado do cateter;
- a bolsa coletora não deve ser levantada acima do nível da bexiga do paciente;
- não permitir acumulo de urina no tubo, não torcendo ou dobrando;
- a bolsa de drenagem não deve tocar o chão;
- a bolsa coletora deve ser esvaziada no mínimo a cada 8 horas ou não deixar que encha, através da válvula de drenagem;
- não contaminar a válvula de drenagem;
- se houver irrigação a mesma não deve ser realizada rotineiramente;
- sempre que manusear o cateter as mãos devem estar higienizadas;
- o cateter deve ser higienizado 2 vezes ao dia;
- o cateter deve ser fixado apropriadamente, para evitar movimentação, assim minimizando traumatismo e também deve ser usado tamanho correto de cateter 5.
Corroborando ainda a Resolução n°0450/2013 do Conselho Federal de Enfermagem de que a inserção de cateter vesical é privativa do Enfermeiro, que deve imprimir rigor técnico-científico ao procedimento6.
A cateterização prolongada leva à bacteriuria assintomática em mais de 90% dos pacientes, não sendo recomendado o seu tratamento, já que é pouco efetivo e há probabilidade de selecionar germes resistentes. A prevenção é o mais importante. Os antimicrobianos devem ser usados quando houver sintomas ou evidência de bacteremia 7.
Ressalta-se que o tempo de permanência do cateter deve ser monitorado de acordo com as condições clínicas do paciente. O cateter não deve ser mantido no paciente sem indicação clínica criteriosa.
Para garantir a integralidade a coordenação do cuidado é fundamental com a equipe elaborando um projeto terapêutico singular (PTS) para o paciente, levando em consideração a história clínica, os achados do exame físico, a meta do plano terapêutico e o contexto onde o cuidado será realizado.

Cuidados:

  • Em paciente com sonda vesical de demora fazer cuidadosa higiene do meato uretral com água e sabão neutro uma vez ao dia e sempre que necessário 
  • Inspecionar o local de inserção do cateter 
  • Trocar a fixação diariamente;
  • Se houver resistência na introdução da sonda, interrompa o procedimento e comunique ao médico para conduta.
  • O tamanho da sonda vesical deve ser avaliado conforme o meato uretral do paciente e objetivo da passagem.
  • As sondas mais utilizadas em homens são: nº 16, 18 ou 20F 
  • Para retirar a sonda vesical de demora deve-se desinsuflar o cuff. 
  • O balão tem uma capacidade máxima que está inscrita na sonda em mL. 
  • Após a retirada da sonda, observe e anote a primeira micção espontânea
  • Em caso de uso breve, é recomendado sua retirada o mais precoce possível. 
  • A diurese deve ser desprezada da bolsa coletora, quando o volume estiver com 2/3 da capacidade total. Em casos de irrigação ou para controle de pressão intra-abdominal (PIA), deve-se optar pela sonda de 3 vias. 
  • A passagem da sonda de 3 vias é feita com a mesma técnica, incluindo material para irrigação (de acordo com a prescrição médica) 
  • Deve-se capacitar o paciente/cuidador quando for utilizar a SVD em casa. 
  • Manter a bolsa coletora sempre abaixo do nível da inserção da sonda, evitando refluxo intravesical de urina. 
  • Quando for necessário elevar a bolsa acima do nível da bexiga, clampear o sistema de drenagem.
  • Manter o sistema pervio, evitando dobras ou tensões no tubo extensor e garantir que o clamp de drenagem esteja sempre aberto. 
  • Em caso de retenção urinária, a drenagem da urina deverá ser lenta, de modo a evitar o sangramento agudo da mucosa cervical (hemorragia ex vácuo). 
  • Antes da passagem, pergunte sobre os antecedentes urológicos como doenças da próstata, traumas uretrais, uretrite, cirurgia prévia, sondagem anterior, etc.
  • Atentar para as queixas do paciente (ardência, prurido, dor abdominal)


Complicações:

Infecção do trato urinario: mais comum causada principalmente pelo uso incorreto da técnica asséptica.
Hemorragia: pode ser causada pela utilização de uma sonda de calibre inadequado ao tamanho da uretra, passagem da uretra e doenças previas.
Formação de Calculo na Bexiga: devido a longa permanência da sonda
Bexiga Neurogênica: nos pacientes com permanência prolongada da sonda
Trauma Tissular: 
Lesão Uretral e Bexiga
Obstrução do Cateter
Infecção Periurinária Localizada: fistula uretral, abcesso escrotal
Carcinoma epidermoide
Calculo Renal

Vale lembrar que:


A Resolução nº 450/2013, publicada em dezembro pelo COFEN - Conselho Federal de Enfermagem, estabelece as competências da equipe de Enfermagem em relação ao procedimento de Sondagem Vesical (introdução de cateter estéril, através da uretra até a bexiga, para drenar a urina). Segundo o Parecer Normativo, aprovado pela Resolução, a inserção de cateter vesical é função privativa do Enfermeiro, em função dos seus conhecimentos científicos e do caráter invasivo do procedimento, que envolve riscos ao paciente, como infecções do trato urinário e trauma uretral ou vesical.

O Parecer ressalta que ao Técnico de Enfermagem compete a realização das atividades prescritas pelo Enfermeiro no planejamento da assistência, a exemplo de monitoração e registro das queixas do paciente e condições do sistema de drenagem, do débito urinário; manutenção de técnica limpa durante o manuseio do sistema de drenagem e coleta de urina para exames; monitoração do balanço hídrico – ingestão e eliminação de líquidos, sempre sob supervisão e orientação do Enfermeiro.


Dicas Importantes



Pode parecer simples, certamente desperta menos curiosidade do que as cirurgias de alta complexidade como, por exemplo, transplantes. Mas a sondagem vesical de demora é um procedimento que nunca deve ser subestimado. Durante a minha formação como urologista, fui muitas vezes chamado para avaliar uma “sondagem difícil”, quando apenas o uso da técnica correta acabava por resolver o problema. Mais importante que isto, não foram poucos os pacientes que chegavam em nossos ambulatórios com queixas miccionais e doenças uretrais associadas a traumas de sondagem.

Sondagem vesical de demora é um procedimento que pode ser realizado pelo enfermeiro e também pelo médico. Na verdade, o enfermeiro é quem o realiza na maior parte das vezes. O médico em formação por vezes não dá a atenção necessária para saber como realizá-lo. E quando dá, como se trata de um procedimento realizado inúmeras vezes dentro da rotina hospitalar (pronto-socorro, UTI, centro cirúrgico, etc.), muito frequentemente o seu aprendizado acontece apenas de maneira prática, sendo repassada “boca-a-boca”, do mais experiente para o novato. Muitas vezes, por não associar detalhes teóricos, ficam sem entender quais são os motivos de certos passos ou de certas dificuldades de sondagem.

Neste texto, não pretendo dar aula sobre sondagem vesical ou descrever passo a passo a técnica. Este aprendizado deve acontecer na escola médica. O objetivo aqui é apenas detalhar alguns pontos chaves para uma sondagem vesical de demora segura e eficiente, livre de iatrogenias. Aquelas coisas que a academia, de vez em quando, não ensina.
O mais importante de tudo antes de uma sondagem vesical de demora é avaliar a sua real necessidade. Parece óbvio, mas isto deve ser levado muito a sério. A invasão do paciente deve ser evitada sempre que possível. Definir a retirada precoce da sonda também é muito importante. Não podemos esquecer que a sondagem vesical de demora prolongada pode levar a aumento na taxa de infecção urinária, complicações uretrais, entre outros.
A sondagem vesical de demora deve ser sempre um procedimento estéril. O uso de avental estéril é exceção, mas todo o cuidado deve ser tomado na hora de vestir a luva estéril e manusear os campos, a sonda, bolsa coletora, seringas, etc.
Avise o paciente de todos os passos que você vai executar. No paciente não anestesiado, a sondagem vesical é um procedimento um tanto desagradável. Deixe-o seguro do que está fazendo.
A antissepsia deve ser feita com soluções antissépticas aquosas ou aquelas associadas com emulsificantes (degermantes). As soluções antissépticas alcoólicas não devem ser usadas na genitália.
No homem, após antissepsia da região púbica, base e haste do pênis, o prepúcio deve ser retraído e a glande deve ser cuidadosamente submetida a antissepsia, inicialmente no meato e depois no sulco balano-prepucial. Não fique tentando retrair o prepúcio com a sua gaze montada. Você estará com luva estéril, então retraia o prepúcio com a mão, segurando na área onde já foi realizado antissepsia, usando a mão não dominante. Na mulher, o cuidado deve ser para, após antissepsia da região púbica e os grandes e pequenos lábios, afastá-los para realizar uma antissepsia cuidadosa do meato uretral e introito vaginal. Não é necessário embrocar a vagina
Prepare todo o material antes de iniciar a sondagem. Seringa com gel anestésico, seringa com água destilada, sonda e bolsa coletora devem estar à mão na hora da sondagem.
O calibre da sonda deve ser individualizado para cada situação. De maneira geral, o uso de sonda de Foley 14-16 Fr para mulheres e 16-18 Fr para homens é adequado. Idealmente, a bolsa coletora deve ser conectada à sonda vesical de demora antes do início do procedimento. Há inclusive alguns kits de sondagem que já vem com o conjunto pronto.
Lubrificação da uretra masculina. Este talvez seja o passo mais importante para uma sondagem segura e eficiente no homem. A uretra masculina deve ser preenchida por inteira pelo anestésico em gel, o que geralmente equivale a 20ml de gel. Além de lubrificar e anestesiar parcialmente, esse passo promove uma expansão da luz da uretra (a luz uretral é normalmente colabada) e facilita a inserção da sonda vesical de demora. A simples passada de gel na ponta da sonda não é recomendada!
Mas como instilar o gel anestésico sem deixar vazar para fora da uretra? Talvez essa seja a dica mais prática deste texto. Precisamos lembrar da anatomia do pênis e escolher bem a seringa para instilação do gel anestésico:
A seringa deve ser do tipo “seringa com ponta”, ou “luer slip”
No pênis, os corpos cavernosos se encontram dorsalmente. O corpo esponjoso e a uretra estão posicionados ventralmente.
Segurar o pênis de maneira a não comprimir a uretra é importante para conseguir colocar todo o gel dentro dela. Há várias maneiras de faze-lo. Uma delas é com um movimento de pinça. Segure o pênis logo abaixo da glande, pinçando, com o polegar e o indicador da mão não dominante, os dois corpos cavernosos. Segure e estique firmemente o pênis para cima. Faça isso com as luvas secas, sem gel ou agua, para que não escorregue. Mantenha esta posição em todo o momento. A ponta da seringa deve ser cuidadosamente introduzida no meato, sempre lembrando que a uretra está localizada ventralmente e não no centro do pênis. Se você tentar posicionar a seringa para o centro do pênis, não vai conseguir realizar este passo de maneira correta. Direcione/posicione a ponta da seringa para baixo/ventral. Uma pressão leve deve ser aplicada à glande com a seringa para que o gel não escape. Instile o gel anestésico de maneira contínua, evitando manobras rápidas e abruptas. Seguir estas dicas ajudará bastante a conseguir instilar todos os 20mL de gel dentro da uretra.
Logo após isto, quando você retira a seringa do meato, o gel tende a extravasar para fora da uretra. Então, sem demora, está na hora de inserir a sonda. Este talvez seja o passo mais crítico do procedimento, onde as dificuldades podem acontecer. Algum tipo de dificuldade pode ocorrer durante a inserção, como por exemplo a não progressão da sonda (pacientes muito ansiosos, pacientes idosos com hiperplasia prostática). Pequena força adicional pode ser aplicada. Se houver qualquer dificuldade adicional que demande mais força para introduzir a sonda, se houver qualquer sangramento, dor desproporcional pelo paciente, pare o procedimento e chame um médico supervisor ou um urologista.
A mulher deve receber entre 3-5mL de gel anestésico na uretra, antes da sondagem. O meato uretral feminino encontra-se abaixo do clitóris e logo acima do introito vaginal. Posicionar a mulher adequadamente, afastar bem os grandes e pequenos lábios vaginais e identificar o meato uretral são essenciais antes de tentar ir sondando qualquer dobra de mucosa vaginal que encontrar.
O balonete só poderá ser insuflado após a inserção da sonda por inteiro e a clara saída de urina pela sonda. A não certificação da boa posição da sonda (dentro da bexiga — saída de urina) é talvez um dos erros mais comuns da sondagem vesical de demora. Isso pode acarretar na insuflação do balonete dentro da uretra, ocasionando traumas uretrais totalmente evitáveis. A mucosa uretral é altamente especializada e uma estenose de uretra é uma condição que pode tirar a qualidade de vida do homem de maneira irreversível.
O balonete deve ser insuflado com água destilada. Já tive pacientes cujo balonete da sonda não desinflava devido a cristalização do soro fisiológico dentro do conduto do balonete. E com quantos mililitros deve ser insuflado? Depende do calibre da sonda. Dê uma olhada na sonda, ali próximo da conexão com a bolsa coletora, lá está determinada a quantidade de agua destilada com a qual o balonete deve ser insuflado.
Após isto, tracione a sonda levemente. Ela deve escorregar suavemente para fora do meato até que o balonete fique junto ao colo vesical, quando você sente ela travar. Este é o último sinal de uma sondagem correta.
Acabou? Negativo! No homem, nunca esqueça de reduzir o prepúcio, ou seja, retorná-lo a posição não retraída. Isso vai evitar que seu paciente tenha parafimose. Quando terminar o procedimento, seque e retire o excesso de antisséptico do paciente com uma compressa ou pano seco.

Dificuldades? Sangrou, não passou, não veio urina? Não tente de novo. Não insufle o balonete sem ter certeza de onde você está! Avise o médico supervisor e compartilhe a responsabilidade. As doenças uretrais decorrentes de traumas por sondagem são, ao meu ver, algumas as condições urológicas mais preveníveis e uma das que mais tiram a qualidade de vida do homem. Um procedimento simples, mal realizado, pode acarretar em estenoses uretrais severíssimas com sequelas permanentes.

Volume Urinário Esperado

Adultos - 30 a 50 ml/h
Crianças < 1 ano - 2 ml/k/h
Crianças > 1 ano - 1 ml/k/h

Alternativa


Como alternativa ao uso da bolsa coletora tradicional, ou da bolsa de perna, a Equipe Enfermagem tem utilizado com sucesso o dispositivo chamado UROSTOP©. Ele estanca a urina como uma válvula. É colocado na ponta do extensor, no lugar da bolsa coletora, e proporciona que o paciente preserve o reflexo de micção, pois não permite que a bexiga esteja sempre vazia. Pode ser utilizado para pacientes que não necessitem manter a bexiga sempre vazia (problemas de próstata, por exemplo), ou ainda quando o paciente estiver apto à retirar a sonda, serve para recompor o estímulo da micção, alguns dias antes da remoção da sonda.

Resultado de imagem para UROSTOP©





http://enfermagemonline.webnode.com.pt/tecnicas-de-enfermagem/tecnicas-invasivas/sondagem-vesical-de-demora/
http://www.ebserh.gov.br/documents/147715/393018/aula_Thais.pdf
http://aenfermagem.com.br/procedimentos/sonda-vesical-de-demora-masculina/
http://portal.coren-sp.gov.br/node/39043
http://portaldeenfermagem.blogspot.com.br/2008/07/sonda-vesical-demora-e-alvio.html
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/a-sondagem-vesical/54607
https://academiamedica.com.br/cateterismo-vesical-voce-esta-fazendo-isto-corretamente/
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgNuUAE/cateterismo-vesical
https://pt.slideshare.net/rodrigo_c_abreu/cateterismo-vesical-12708733?next_slideshow=1
http://www.hospitalsaopaulo.org.br/sites/manuais/arquivos/2015/POP_SVD_homem.pdf
http://aps.bvs.br/aps/qual-o-tempo-de-permanencia-preconizado-para-o-cateterismo-vesical-de-demora/
http://www.equipeenfermagem.com.br/demora.php







4 comentários:

  1. Boa tarde! por favor, sou enfermeiro e gostaria de saber qual literatura se baseia o uso do UROSTOP?! Existe alguma orientação do Coren ou Cofen? Att. Tiago

    ResponderExcluir
  2. Toda literatura do texto está descrita abaixo é só dar uma olhadinha. Quanto ao parecer do Coren sobre o assunto é necessário consultar diretamente pois não sei te informar.

    ResponderExcluir
  3. Estou usando sonda de demora por hpb...Gostaria de saber se uso da sonda por si só ajuda na diminuição da próstata...ja que não força o ato de urinar...claro...Além dos medicamentos...obrigadp

    ResponderExcluir
  4. Urostop se troca de quanto em quanto tempo. Por favor

    ResponderExcluir

  Gastrostomia Definição:   Gastrostomia e jejunostomia são procedimentos cirúrgicos para a fixação de uma sonda alimentar. Um orifíci...